23 de junho de 2008

A Corrida Maluca


Crônica – Bárbara S. Oliveira
 


Não tem nenhum outdoor, propaganda ou qualquer anúncio de comunicação,
mas uma coisa é certa: essa corrida tem um prêmio valioso.
Algumas perguntas surgem.
Que corrida é essa? Qual é o ponto de partida?
E a chegada? E é claro, o prêmio, o que será?
Automaticamente quando a gente vê uma multidão, logo pensamos: Uma briga? Um roubo?

Será que alguém passou mal?
Referindo – se ao Centro de Belo Horizonte, pode ser milhões de coisas...
Talvez uma "Super Liquidação" de uma loja?
Eu só queria saber para onde vão todas aquelas pessoas?

E pra quê tanta pressa?
Fico observando as diversas figuras no meio da confusão, uma mulher com olhar desconfiado,
um homem engravatado e pasta preta, um rapaz despojado de boné e mochila nas costas.
Tão diferentes, mas algo em comum, eles andam correndo e nem sabem o que acontece ao redor, um falando ao celular e o outro viajando em alguma música no mp3.
Ah! E a mulher desconfiada? Nem consegui reparar, quando pisquei os olhos ela já tinha virada a esquina, essa sim estava disposta a vencer a corrida, tinha o passo mais apressado.
Trânsito. Tudo parado, o sinal fecha, é gente correndo pra lá e pra cá.
Nos sentidos opostos, percebo que essa corrida não tem somente um ponto final,
que nem todos correm pelo mesmo objetivo e que o prêmio é diferenciado!
Cada corredor ganha aquilo que está no seu alcance.
Nessa "corrida maluca" da vida, onde a pressa é o ator principal,

o tempo não é contado em minutos e horas, mas na intensidade de cada momento que se passa.
Eu tenha essa mania. Ficar observando as pessoas. Passo grande parte dos meus dias dentro de ônibus, no caminho eu leio, estudo meus textos, escuto música...
É estranho. Minha atenção sempre se vira a alguém, dentro do ônibus são muitas pessoas, olho pela janela e vejo mais pessoas e tento enxergar essas pessoas, não apenas ver. Eu tento entender no olhar e na expressão o que essa pessoa sente, para onde ela está indo, se tem alguém esperando por ela. As pessoas têm um olhar vazio... Mas todas carregam uma historia. Começam a aparecer idéias na minha cabeça, como se aquelas pessoas fossem personagens da vida real, quando algo me chama mais atenção escrevo no meu bloquinho, essa correria da vida não deixa a gente perceber quem está passando por nós.
“Enxergar quem está a sua volta”. Eu sinto isso como um desejo humano.
Enxergar. Sentir. Entender. Perceber o outro. Não ser egoísta. A vida é muito preciosa e o tempo é muito curto.

Penso na pressa, no tempo, na vida, no prêmio, nas pessoas que observei e escrevo o meu outdoor anunciando a corrida:
VIVA intensamente todas as horas de sua vida, celebre os minutos,
preserve os segundos. Enxerga as pessoas. Observe ao seu redor, sinta o vento, ande descalço. CORRA atrás de seus sonhos e não pense apenas no prêmio ao final.

"Porque aquilo que pedimos aos céus, muitas vezes encontra-se em nossas mãos." (Shkaspeare)



Músicas que falam por mim ...
" ... Eu ando pelo mundo prestando
atenção em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores ...
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?"
Esquadros - Adriana Calcanhoto
 

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