2 de dezembro de 2010

A espera de Ana


Cenário: Um quarto fechado. Escuro. Ambiente pequeno e frio. Papeis com desenhos feitos com tinta estão pendurados pelo quarto e pregados na parede. (desenhos desconfigurados de margaridas amarelas).
A cena começa com Ana inquieta andando pelo quarto, passando a mão pela parede, passeando pelos desenhos.

Ele vem me buscar.
(PAUSA)
Eu sei que vem. (afirmação) Para platéia - Sentada
Essa espera é uma angustia que chega doer. (sensação de dor)
A esperança é o combustível que alimenta a vida dos seres humanos, vivemos assim o dia a dia, sempre na esperança que o amanhã vai ser melhor que o hoje. E o que seria da gente sem esperança? (levanta)

Ana dança pelo quarto
Um sábado à tarde passei na floricultura para pegar uma encomenda, passeando por entre as flores e mudas eu o vi. (Ana faz a cena).
Estava descalço e dançava sobre o chão de terra molhada, enquanto preparava um arranjo de margaridas amarelas. Quando me viu esticou a mão e me convidou para dançar. E ficamos ali os dois dançando sem música em meio às margaridas.

Ana demonstra estar colhendo e cheirando uma flor
Eu nunca imaginei amar uma pessoa assim.  Pra mim o amor sempre foi tão egoísta. Mas com ele era diferente. Era amor por completo. Um amor sem dor. Um amor de flor.
Com ele os meus medos iam pro vão. 

O quê que é? (Para platéia)
Nunca amou ninguém? (pausa pequena)
Aquele que nunca amou.
Que nunca se entregou. Que nunca se enlouqueceu...  (louca)
(Pausa)
Que nunca sentiu medo... Que atire a primeira pedra! (Grito)

Porque meu Deus? Por quê? (irritação/grito)
Porque foi embora e me deixou aqui? (decepção)
Se não vier me buscar o que vou fazer com nossos sonhos?
O que vai ser do meu corpo?
Eu me sinto tão vazia. Eu não tenho mais nada por dentro... Você levou minha alma...
(agitação/ Ana corre pelo quarto e cai ao chão)

(PAUSA)
E agora eu fico aqui com essa solidão, cercada de medos...
Esperando por você.
Vem me buscar meu amor. Eu não quero mais ficar aqui. Eu to cansada. (deitada no chão)
(sentada) Na noite anterior da manhã que ele foi embora, chovia muito e eu estava assustada, inquieta eu disse a ele: “Estou com um sentimento estranho meu bem, meu coração tá apertado. É um pressentimento. Algo de ruim vai acontecer...” E fazendo um carinho em meu rosto, ele disse: “Se acalme mulher! Nada de ruim vai acontecer. Está tudo bem, é apenas uma chuva passageira. Vamos fechar os olhos e escutar as gotas de água batendo no telhado... (silêncio) Boa noite minha Rainha”.

E na manhã seguinte eu acordei sozinha.

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