12 de abril de 2011

Diário de uma nova educadora - Parte III


Sim. Existe uma luz no fim do túnel, e eu enxerguei. Bem lá no fundo...

Depois de muita confusão, conseguimos enfim apresentar nossa primeira peça no projeto. Na sexta feira (08/04/2011) os meninos receberam a visita de uma escola particular, os educadores preparam competições de futebol, vôlei e “queimada”, tivemos lanche e almoço especial e a apresentação da peça com o tema da dengue.
Foi uma correria, mas no final deu tudo certo. Fiquei surpresa com a atuação dos “meus meninos”, todos adoraram, e logo que acabou a apresentação já teve educando correndo atrás de mim querendo estar na próxima peça.  A impressão que ficou foi ótima.
Eu fiquei feliz e um pouco aliviada, agora eu sei que podemos...
Temos um talento escondido, uma aluna querida, que contracenou comigo, pois sua colega de cena “abandonou o barco no meio do mar”... Nos ensaios eu percebi o quanto era especial, decorou as falas muito rápido, é comunicativa e espontânea, mas não gostava de ensaiar, e quando pedia mais expressão, ela falava “to preguiça, fessora”, mas escutava com atenção os toques e me prometeu que no dia da apresentação iria fazer do jeito que eu falava... E fez.
Talentos assim, eu sei que existem vários ali, o problema e a tal da preguiça...
Incentivar esses meninos a preparação de uma peça, desde a idéia principal até o roteiro, aquecimentos, alongamentos, estudos dos textos, ensaios... É complicado. Tenho que descobrir uma maneira de estimular interesse deles em relação a esse processo, que é tão importante.
Ontem tive problemas na aula da turma 3 de tarde. Aluno que nunca fez minha aula, que sempre criticou teatro, que atrapalha tudo e todos. Foi muito chato a situação, tive até que escutar que eu não sei dar aula. A nossa peça Show de talentos está meio balançada, os meninos estão na mesma “preguiça” de ensaiar, os textos não estão decorados e a professora, eu, tenho que ficar insistindo para ensaiar... “Chutei o balde”, e ficamos sem fazer nada durante a aula, depois vieram me cobrar e prometeram ensaiar na quarta.
Não sei se agi correto ontem, às vezes percebo que minhas atitudes poderiam ser diferentes, depois que a situação passa que eu converso com outras pessoas... Mas eu sou uma “nova educadora”, e por mais livros que leio, por mais textos que estudo, por mais opiniões que escuto estar lá vivendo é outra realidade. Eu nunca vou estar pronta.

“Ninguém educa ninguém. ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se uns aos outros mediatizados pelo mundo”
Paulo Freire

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